• Redação - 18/11/2025 09:30 || Atualizado: 18/11/2025 09:35

A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira (18) o banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, durante uma operação que investiga suspeitas de crimes financeiros ligados à venda da instituição para o BRB (Banco de Brasília). Vorcaro foi detido no Aeroporto Internacional de Guarulhos, prestes a embarcar para Dubai, onde, segundo a PF, pretendia “fechar negócios”. A prisão movimentou o mercado financeiro e reacendeu discussões sobre os bastidores políticos envolvendo o Master.

A operação cumpre cinco mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 25 mandados de busca e apreensão em diferentes estados. Entre os alvos está também Augusto Lima, sócio de Vorcaro no Master. Até o momento, as defesas dos envolvidos não se manifestaram.

Irregularidades na venda do banco e suspeita de títulos falsificados

A investigação se concentra em supostas irregularidades na emissão e venda de títulos de crédito insubsistentes, documentos que teriam sido repassados a outra instituição financeira sem lastro efetivo. Após fiscalização do Banco Central, parte desses ativos teria sido substituída por carteiras sem avaliação técnica confiável.

Na mesma manhã da operação, o BC decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, indicando risco para o sistema financeiro e para o mercado de crédito. Bens de administradores e ex-controladores foram bloqueados.

 

Prisão reacende foco em Ciro Nogueira

A operação trouxe novamente à tona a relação direta entre Daniel Vorcaro e o senador piauiense Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do Progressistas. Segundo apuração da Folha/UOL, Ciro teria atuado politicamente para beneficiar o banqueiro em meio às negociações da venda do Master ao BRB, movimento que provocou reação no setor financeiro e abriu nova crise em Brasília.

Logo após o anúncio do negócio, Nogueira apresentou uma proposta para aumentar em 5 pontos percentuais a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) exclusivamente para grandes bancos que lucram acima de R$ 1 bilhão. A medida, interpretada como uma “pressão” sobre gigantes como BTG Pactual, favoreceria bancos menores, entre eles, o próprio Master.

O senador é amigo pessoal de Vorcaro, segundo fontes citadas pela Folha. O aumento da tributação foi lido por interlocutores como uma retaliação aos grandes bancos que, segundo eles, resistiam a apoiar o BRB na absorção das frações mais problemáticas do Master, especialmente os chamados “ativos podres”. Políticos envolvidos na negociação afirmam que o alvo principal da pressão política seria André Esteves, fundador do BTG, cuja posição no processo poderia reduzir o valor de mercado do Master. Nogueira nega retaliação, mas admite que buscou “proteger bancos pequenos” e “aumentar a competitividade”.

Ainda segundo o site UOL, a oferta do BRB (Banco de Brasília) para adquirir o Banco Master foi pilotada, nos bastidores, por presidentes de partidos aliados ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).

A proximidade do presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, com o presidente do PP, Ciro Nogueira, e do União Brasil, Antônio Rueda, foi essencial na operação, já que Ibaneis precisa dos dois partidos para uma aliança nas eleições de 2026.

A influência dos dirigentes partidários no governo do Distrito Federal abriu as portas no BRB, banco estatal, para os sócios do Master, diante da dificuldade em encontrar um comprador privado.