• Redação - 05/11/2025 11:44 || Atualizado: 05/11/2025 11:51

A Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) apresentou nesta quarta-feira (05) os resultados da Operação Carbono Oculto, que revelou a atuação financeira do Primeiro Comando da Capital (PCC) dentro do setor de combustíveis no estado.

Segundo a investigação, a facção utilizava empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para lavar dinheiro, fraudar o mercado e ocultar patrimônio ilícito. O esquema teria movimentado mais de R$ 5 bilhões, com R$ 300 milhões apenas em operações de empresas sediadas no Piauí.

A operação é desdobramento da Carbono Oculto nacional, que desarticulou um esquema de R$ 52 bilhões envolvendo grupos econômicos ligados ao PCC em vários estados.

O ponto de partida

O inquérito foi instaurado após a venda da Rede de Postos HD, um conglomerado com unidades no Piauí, Maranhão e Tocantins.

  • Data da transação: dezembro de 2023

  • Empresa compradora: Pima Energia Participações Ltda

  • Início das atividades da compradora: 22/12/2023 (seis dias antes da compra)

As investigações apontam inconsistências patrimoniais, criação de holdings em São Paulo e movimentações financeiras incompatíveis com o porte das empresas.

Principais investigados

Pessoas físicas:

  • Haran Santhiago Girão Sampaio e Danillo Coelho de Sousa – ex-proprietários da Rede HD.

  • Moisés Eduardo Soares Pereira e Salatiel Soido de Araújo – apontados como “laranjas” em empresas com sede em SP.

  • Denis Alexandre Jotesso Villani – empresário paulista, dono da Rede Diamante, com participação em 40 empresas, 12 delas no Piauí.

  • Rogério Garcia Peres – gestor da Altinvest Gestão de Recursos, identificado como operador financeiro do PCC.

Empresas envolvidas:

  • Pima Energia Participações Ltda

  • Mind Energy Participações Ltda

  • Rede Diamante / DNPX Diamante Nice Participações Ltda

  • Fundos e fintechs: Altinvest, Jersey FIP, GGX Global Participações, Duvale Distribuidora e Copape Produtos de Petróleo.

Achados da investigação

  • Mais de 70 CNPJs ligados ao esquema.

  • 504 notas fiscais eletrônicas emitidas por distribuidoras vinculadas ao PCC.

  • Transferência direta de R$ 702 mil de Denis Villani para uma empresa “laranja” do grupo criminoso.

  • Emissão de CT-es falsos para mascarar transporte fictício de combustíveis.

  • Construção de uma nova distribuidora de combustíveis no Piauí.

 

 Crimes identificados

  • Lavagem de dinheiro

  • Fraude fiscal e emissão de notas frias

  • Adulteração de combustíveis

  • Associação criminosa e ligação direta com o PCC

 Impactos

Econômicos: evasão de tributos milionária e distorção do mercado.
Sociais: venda de combustíveis adulterados e risco à segurança do consumidor.
Institucionais: fortalecimento do braço financeiro do PCC no Nordeste.

 Medidas adotadas

A Polícia Civil do Piauí pediu à Justiça:

  • Prisão temporária dos investigados;

  • Busca e apreensão em residências e empresas;

  • Bloqueio de contas e bens;

  • Interdição de 49 postos de combustíveis;

  • Suspensão das atividades das empresas envolvidas.

A operação é considerada uma das maiores ações integradas de combate à lavagem de dinheiro e infiltração do crime organizado no setor empresarial do Piauí.