• Redação - 03/10/2025 12:35 || Atualizado: 03/10/2025 12:41

Um caso de suposta negligência médica na rede municipal de saúde de Teresina voltou a expor a fragilidade da gestão da Fundação Municipal de Saúde (FMS) e da administração do prefeito Silvio Mendes. O motoboy Vicente de Paula procurou o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) nesta sexta-feira (3) para denunciar que a demora e os maus-tratos no atendimento à sua companheira, Jardila Viana, na Maternidade do Buenos Aires, zona Norte de Teresina, resultaram na morte do bebê do casal.

Segundo o relato, Jardila chegou à unidade no dia 19 de setembro com fortes dores e contrações, mas foi maltratada logo na recepção. “A funcionária disse: ‘esse menino não vai se criar’ e mandou esperar porque não havia médico. Ficamos quatro horas lá, só tomaram providências quando o bebê já não se mexia mais”, contou Vicente.

Ele relatou ainda que dois aparelhos foram usados sem sucesso para detectar os batimentos do bebê e que, mesmo em estado grave, Jardila foi deixada em observação sem a devida atenção. “Até enfermeiras estavam dormindo no chão. Só depois que chamei a zeladora providenciaram a transferência. Mas meu filho já chegou morto à Maternidade Evangelina Rosa”, desabafou.

Indignado, Vicente publicou o caso nas redes sociais, pedindo justiça. O prefeito Silvio Mendes respondeu nos comentários, afirmando ter solicitado a abertura de processo administrativo. “Peço que envie mensagem pelo meu celular. Já solicitei a apuração da responsabilidade.”

A resposta, no entanto, soou como descaso e improviso, já que o episódio só começou a ser tratado pela Prefeitura depois da repercussão pública.

Vicente de Paula registrou boletim de ocorrência e cobra providências contra a negligência. “Se os procedimentos tivessem sido feitos corretamente, talvez ele tivesse sobrevivido. Mesmo que não, ao menos merecíamos respeito”, afirmou.

Nota da FMS

A FMS divulgou nota lamentando a morte e informou que instaurou uma sindicância para investigar a conduta dos profissionais. O órgão afirmou que todos os procedimentos adotados serão analisados e que o diretor do hospital chegou a visitar a família.