As recentes declarações do senador Sergio Moro (União Brasil-PR), em entrevista para O Globo, acenderam um novo sinal de alerta nos bastidores da política nacional e reforçaram a percepção de que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) atravessa um momento de desgaste de credibilidade entre aliados e lideranças partidárias.
No centro da controvérsia está a disputa pelo governo do Paraná. Moro afirmou publicamente que havia um acordo prévio para que o PP apoiasse sua candidatura, entendimento que, segundo ele, não foi honrado pela direção nacional do partido. A negativa anunciada por Ciro Nogueira surpreendeu o comando do União Brasil e provocou reação imediata, colocando em xeque a confiança em compromissos firmados no âmbito da federação entre as siglas.
Ao declarar que “os acordos têm que ser cumpridos” e lembrar que o PP costuma se apresentar como um partido que respeita entendimentos políticos, Moro expôs uma contradição que repercutiu fortemente entre parlamentares. Nos bastidores, o episódio passou a ser visto como mais um sinal de instabilidade nas articulações conduzidas por Ciro, alimentando a avaliação de que sua palavra já não tem o mesmo peso de outros momentos.
Esse desgaste ocorre em um contexto já sensível para o senador piauiense. Pouco antes, Flávio Bolsonaro havia feito declarações que evidenciaram o enfraquecimento do espaço político de Ciro dentro do campo da direita, especialmente nas discussões sobre 2026. Agora, a crítica vinda de Moro, um nome de projeção nacional e liderança no União Brasil, amplia a percepção de isolamento e dificuldade de articulação.
A entrevista também expôs fissuras mais profundas na federação PP–União Brasil, mostrando que disputas regionais estão comprometendo a coesão do projeto nacional. Para muitos políticos, o episódio do Paraná reforça a ideia de que Ciro Nogueira tem adotado uma postura excessivamente pragmática, que acaba minando a confiança necessária para alianças duradouras.
Nos corredores do Congresso, cresce a avaliação de que o senador do PP enfrenta hoje um déficit de credibilidade política, justamente em um momento em que articulações sólidas e previsibilidade são essenciais para a construção de projetos eleitorais competitivos. O caso Moro, somado aos atritos com o bolsonarismo, sinaliza que Ciro já não transita com a mesma autoridade entre os principais atores da política nacional.







